Sou

A minha foto
Portalegre, Portugal
"Sonho que sou alguém cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a Terra anda curvada! E quando mais no céu eu vou sonhando, E quanto mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho...E não sou nada!..." Florbela Espanca

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando...



Quando a alma pede
E o peito se abre
Tu voas em mim!
Por dentro me nutres
Por fora me esculpes
Com tuas asas celestes
Que me gravam na pele
Cheiro a jasmim.




(Foto retirada da net)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Apelo


Foto de Fernando Batista


Quando te disser:
"Sou galho seco,
Flor sem pétalas,
solo infértil"
Não acredites!
Ouve-me ao contrário
E faz brotar a Primavera
Que há em mim adormecida.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Avidez



Lânguida
Nua
Entorpecida
Fixa o lençol amarrotado
Onde preso ficara o prazer.

Nas vidraças da janela
Escorrem ainda gotas de volúpia
e paira no ar uma silenciosa melodia
composta por plangentes gemidos.

Sôfrega suspira:
"Onde foste, tocador de sonhos?
Vem tomar-me em teus braços
E solta na minha pele notas por inventar,
existentes muito para além da escala musical".



(Foto retirada da net) 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Devolve-me a vida




Sou comandado por vozes inaudíveis
Sei que não as ouves.
Só a minha cabeça as sente:
Gritos no silêncio.
olho em redor e nada é igual...
Quero ser o homem que já fui
Mas não sou nada.
Habitam em mim seres monstruosos
que me ordenam e ditam:
" Não és nada!"
E eu obedeço-lhes.
As mãos não as tenho
As pernas não as sinto.
Eu bem as agito
Mas elas não estão lá.
São eles que me fazem mover.
Eles, sempre eles.
Porque entraram em mim?
Porque deixaste que entrassem?
Fura-me os olhos
Abre-me o peito
Arranca-os já!
Eu bem queria estar só
Mas eles estão sempre aqui
Não me largam
Não me deixam
Não se calam
Nem consigo abrir  a boca
Para pedir socorro
(eles coseram-me os lábios)
Por isso é o meu olhar
que grita agora no silêncio e pede:
Devolve-me a vida!




Meu querido irmão, não tenho a cura da tua doença
Só o meu amor para te dar.



( Foto retirada da net)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Jogo in-ofensivo




Gira, rola, rebola
Redonda e colorida.
Gira , rola, rebola
Carregando consigo poeiras e areias
Que se arrastam pela estrada da vida.
O menino sonhador e sorridente,
Jogador inocente
Corre no seu encalço.
Suas pernas finas agitam-se como borboletas esvoaçantes.
Nem o rasgão dos calções
Nem a ferida da pele
O impedem de perseguir seu sonho.
Corre sonhador e sorridente, o jogador inocente.
Gira, rola, rebola
Redonda e colorida, a bola da vida.
De repente:
___________________________________
Eis que embate no betão
E em ricochete
Acerta em cheio nas pernas do inocente jogador.
Tomba o sonhanhor.
As poeiras e as areias tapam-lhe o sorriso.
Agora o rasgão é maior.
E as feridas?
Terão elas sutura?





(Foto retirada da net)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ave do Paraíso





Chega com sua plumagem negra
Tão negra como são meus dias sem ti.
No peito carrega um cobiçado escudo
Que reflecte a luz da madrugada em tons de azul e verde.
Inícia então uma coreografia de acasalamento
Semelhante à dança das nossas almas quando se encontram.
Ela grita, ela move-se nas pontas delicadas de suas patas
Lembrando a suavidade do toque da tua pele
Em cada traço do meu corpo.
Abre sua cauda em leque, transforma-se.
Metamorfose do meu ser
Quando me prendes no rochedo dos teus braços.
Ela entra em transe.
Eu vejo o paraíso.




(Foto retirada da net)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quero...ou sinónimo de impossível

Foto de Leninhaf




Quero
entrar por essa porta que alguém sub-repticiamente abriu e se esqueceu de fechar. 
Quero
Caminhar e sentir no rosto o tempo a escoar,
breve mas intenso, como o é o cantar dos teus olhos.
Quero
trilhar caminhos ainda por inventar
e alcançar o cume da montanha que é o teu corpo
onde me perco para não mais me encontrar.




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Recicla-me os sonhos

                                                           Foto de leninhaf
                                                                    http://olhares.aeiou.pt/leninhafig
                                                                    http://leninhaf1.reflexosonline.com


Recicla-me os sonhos
Tenho-os gastos, inutilizados.
Estão velhos, ultrapassados.
As suas pernas encontram-se entorpecidas e não conseguem mais caminhar.
Estão trémulos como um peregrino exausto, mas sem fé que os alimente.
Recicla-me os sonhos
Tenho-os sem cor, enrugados
Murcharam com o rigor da vida
Estão inertes, indolentes
Mas estão cá...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Desejo (re) inventado


Beijos que se aventuram sem medo
Línguas que se soltam, ávidas.
Carne sob carne num flamejo infinito.
Mergulhas em mim como barco à procura de abrigo
E eu deixo-te entrar, como farol que guia e conduz.
Tuas mãos percorrem meu corpo que se abandona, se entrega e se funde no teu, numa simbiose perfeita.
Baixinho, sussurro:

“ Navega ao sabor da maré…”

E o mar revolta-se rebentando nas rochas, ondas misteriosas de paixão, vestidas de prazer e tecidas de luxúria.







( Foto retirada da net )

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vida em pontas



Entrou de mansinho com suas sapatilhas de pontas
Levitou pela sala num suave relevé
Trazia nos olhos os lírios dos campos
e nos ombros a leveza das manhãs.
Imponente
Etérea.
Todo o seu corpo era um prolongamento da alma.
Pirouettes, detournés
E a música ecoava na sua pele.
Cabriole, en l'air
e o coração saía do peito.
Fouetté
E os olhos em extâse nada mais viram que o tempo avançar.
Tombée
Era tempo de receber os aplausos.
En arriére
A vida estagnou.


(republicação...)